FEMINISTAS OU "FEMISTAS"?
O feminismo há de ser um movimento social, talvez essencialmente filosófico e até mesmo político que tem como meta advogar pelo empate e pela existência liberta de moldes opressores estabelecidos por opositores.
Durante décadas e décadas, num passado quase esquecido na mente feminina do presente, as mulheres lutaram por igualdade entre os sexos. Em meio ao século XIX e o XX, elas almejavam partilhar dos mesmos direitos contratuais e de propriedade com os homens. E indo mais além, elas se focaram na conquista pelo direito político.
A necessidade pela igualdade, fez com que muitas mulheres, para estudarem medicina, por exemplo, se vestissem como seus companheiros e assim iam para as universidades escondidas de seus esposos, enquanto outras deram o suor, as lágrimas, o sangue e por vezes a própria vida por esse anseio em passeatas, marchas e protestos, muitos protestos.
Até aqui fica claro que o feminismo não era um machismo às avessas – ou “femismo” como gosto de chamar e você entenderá o “por que” - era uma força tarefa, um movimento que, nasceu da vontade de ser igual e independente, mas sem deixar de ser mulher e deixando de ser “mulher objeto”. Enquanto isso, o machismo era e é um termo que se aplica a “ignorância” do sexo masculino, que por muito tempo privou as mulheres de mostrar o que é de fato relevante: o que nos difere são nossas competências, pois capazes todos nós somos igualmente.
Intriga-me o fato de que inúmeras senhoras e senhoritas do passado tenham lutado por espaço social, mas só para que as mulheres modernas, que se julgam independentes e feministas, possam alimentar uma cultura altamente machista. A exemplo disso temos as “mulheres-frutas/plantas/carnes, que se vestem promiscuamente, não para chamarem a atenção de outras mulheres, claro, mas sim para despertar a libido (do latim, que significa "desejo" ou "anseio") masculina. Ou seja, como uma mulher pode ser feminista amparando a cultura do homem?
Antes de qualquer coisa, não questiono o fator liberdade, tanto é que cada uma sabe de si, mas evidencio aqui a hipocrisia (deliberada ou não) da mulher contemporânea, que denigre sua própria imagem e retoma para si o velho perfil de “mulher objeto” acrescido substancialmente pelo banal apelo sexual que a mesma se a agrega. Percebem a involução de um grupo que há mais de um século veio lutando por independência, respeito, liberdade e igualdade?
Contundente eu não estou sendo, mas não compreendo a troca de valores que houve nesse meio tempo. A mulher atual se acomodou na conquista dos direitos, mas não “cria uma ruga” no compartilhamento dos deveres. Por exemplo, houve um caso nos Estados Unidos de uma mulher de 30 e tantos anos que assediava um garoto de 16 (ou 17 anos) pela internet quando seu marido sai para trabalhar. O companheiro da fulana desconfiou do que estava se sucedendo e deixou a situação correr até que sua esposa marcasse um encontro com a dita criança. O que foi apenas uma questão de tempo, pois quando a senhora chegou ao lugar combinado se surpreendeu com a polícia, que havia sido acionada pelo seu próprio marido.

Acredito na independência feminina, mas mulheres “femistas” vivem numa zona de conforto edificada pelos direitos adquiridos ao longo das décadas e quase sempre se vitimizam com a idéia de cumprimento dos deveres que elas alegam ser pertinente aos homens, assim como pagar pensão, por exemplo.
Essas “machas” gostam de exaltar a força feminina sem entender o que ela representa. Porém sem generalizar, é evidente o quão a mulher, hoje, não precisa do homem para viver a sua vida, conquistar suas coisas, sejam matérias ou abstratas. Mas essas machistas às avessas não compreendem o significado e o valor de igualdade em todos os seus âmbitos, pois são parasitas, oportunistas e desprovidas de ideal. Essas não vivem, apenas existem.
Por mais que pareça, não intercedo a favor do sexo masculino, muito menos do machismo. Entenda o discurso como um manifesto fundamentado nos princípios do feminismo, idealizado por senhoras que eram, sim, donas de casa, de espírito livre que entendiam seu potencial e o lugar da mulher na sociedade: não à frente, nem atrás, nem acima, nem abaixo, e sim do lado.